Cenas d´O Arco da Velha: maio 2007

Cenas d´O Arco da Velha

terça-feira, 29 de maio de 2007

Pobreza, marginalidades e exclusão social









Depois de uma tarde inteira à procura de pessoas sem-abrigo (eu sei que há muitas, mas parecia que tinham feito greve!), este foi o vídeo que conseguímos!
Desde a senhora que só dizia “trabalho”, “escola” (ok, não era portuguesa), à senhora desequilibrada que gritou connosco (“Desapareçam! Eu dou-vos um tiro nos c*****! Fuck you slave!” são palavras que para sempre vamos recordar, né Márcia e Maria?!)... Felizmente tudo terminou bem!

PS: Os meus agradecimentos para o João Semide, uma ajuda indispensável*

Nota: Peço desculpa pela má qualidade da imagem, mas não se pode pedir mais a uma máquina fotográfica :)

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 17:42 3 Comentários

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Próxima paragem: Cidade de todos os sonhos


Foi há mais de trinta anos que Maria conheceu aquele que foi o único e grande amor da sua vida.
- Maria, meu amor, tens mesmo a certeza de que esta é a tua última palavra? – questiona Simão, desesperado.
- Desculpa, mas a minha vida não é aqui! Eu quero uma vida melhor e tu não me podes dar isso! Eu quero ser alguém, Simão...E a minha decisão já está tomada.
Entre beijos e juras de amor, os dois apaixonados despedem-se até que se ouve: “Senhores passageiros, vai dar entrada na linha número dois um comboio com destino a Lisboa”. Era o comboio que ia levar Maria da sua aldeia para a “cidade de todos os sonhos”.
No display podia ler-se: 15 de Março de 1967, 10 horas e 14 minutos.
Enquanto isso, Simão, lavado em lágrimas, coloca-se de cócoras e procura apressadamente algo dentro da mala que trazia consigo...
Mas Maria não espera sequer que ele se levante e corre desenfreadamente, entrando no comboio. Talvez não gostasse de despedidas ou tivesse medo de vacilar caso o seu olhar se cruzasse mais uma vez com o de Simão.
As portas do comboio fecham e, Maria, encostada ao vidro, avista o seu amor a correr na plataforma, acenando-lhe como se algo tivesse ficado por dizer, mas esta desvia o olhar.
Passaram-se anos e hoje Maria é a mulher que deambula pela mesma estação onde outrora estivera com o seu amado. Dobrando e desdobrando um envelope que tem em mãos, olha em volta e tudo está diferente. Somente a sua imagem, reflectida no vidro de um comboio, continua igual, apesar de envelhecida. Maria continua pobre. Os sonhos que outrora a fizeram abdicar do seu amor não se cumpriram. Todavia, o orgulho falou mais alto, e Maria teve vergonha de voltar à sua terra Natal de “mãos a abanar”. Até hoje.
Entre sonhos traídos e ambições falhadas, Maria recorda aquele dia em que decidiu mudar a sua vida, em que deixou Simão para rumar a Lisboa sem olhar para trás.
De repente, os seus olhos cruzam-se com os de uma jovem que caminhava de mala às costas, de um lado para o outro....
Era Inácia, uma jovem que ia partir nesse mesmo dia para Lisboa. Inácia tinha a ambição no olhar – a mesma ambição que Maria tivera há trinta anós atrás.
Após algumas hesitações, Maria esboça um sorriso e dirige-se à jovem, à medida que vai abrindo o envelope....
- Será que a menina pode ver o que diz aqui neste caderno?
- Ermmm, posso...– reponde Inácia, franzindo o sobrolho.
Era mais do que um caderno. Eram as últimas palavras de Simão dirigidas à mulher que lhe partiu o coração.
- Sabe, menina, eu não sei ler... Recebi ontem um telefonema do notário e vim para cá... Entregaram-me este envelope e disseram-me apenas que era da parte de Simão Rodrigues. Mas não sei do que se trata. Será que me podia ler algumas passagens?
-Vou só ler-lhe esta página com letras gordas porque não tenho tempo! O meu comboio não tarda!

“Sei, meu amor, que não voltarás jamais. Desculpa por não ser forte como tu. Desculpa não ir contigo. Desculpa não te poder dar mais do que a minha vida . Sem ti não faz sentido continuar ”.

- ...Bem, e aqui no envelope diz apenas:

“Simão Rodrigues da Silva, 8 de Abril de 1948 – 16 de Março de 1967”...

Maria entra como que numa viagem ao passado. De olhos fechados, vêm-lhe à memória aqueles instantes em que Simão procurava algo dentro da mala, em que ela corria para o comboio, em que ficou sem saber o que ele lhe queria dizer...
O caderno que Maria colocara nas mãos daquela estranha era a única coisa que restava de um amor que não fora suficientemente forte para vencer.
Durante todos estes anos Maria fora procurada pelo notário para lhe entregar aquele caderno que Simão lhe deixara em testamento...
Quando Inácia, apreensiva, olha para Maria, observa como o seu semblante mudara. A senhora sorridente, que se dirigira à bela jovem, estava agora desfeita em lágrimas. Só agora ficara a saber que Simão desistira de viver ao vê-la partir para Lisboa há 30 anos.
Quando abre os olhos, Maria olha em volta... Encontra-se agora sozinha onde estivera pela última vez com Simão. Aos seus pés estava o caderno...Talvez Inácia o tivesse deixado cair...
Neste mesmo instante...o comboio com destino a Lisboa arranca e Maria procura Inácia...até que avista uma mão levantada a dizer “adeus”.
A ambição falou mais alto também para Inácia.
Nota: Aqui está o meu conto para Técnicas e Expressão do Português =P

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 13:13 2 Comentários

Aborto: uma realidade!

O aborto, a chamada Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), é um tema problemático em permanente discussão e debate social, visto ser uma questão que toca valores éticos muito profundos.
Ainda há bem pouco tempo atrás esta temática esteve muito em voga em Portugal devido ao referendo que decorreu no mês de Fevereiro, do qual resultou a despenalização do aborto até às dez semanas de gestação.
Um dos argumentos apontados pelos defensores do “não” dizia respeito à leviandade de muitas mulheres. Chegou a dizer-se que, caso o “sim” vencesse, o aborto tornar-se-ia um excelente negócio para clínicas privadas e que, sem dúvida, o aborto iria aumentar.
Mas, o que será pior? Criar condições dignas para que as mulheres que decidam fazer um aborto não corram tantos riscos, ou abandoná-las à sua sorte, desamparadas, permitindo que continuem a ter de se deslocar ao país vizinho para o fazer, batendo muitas vezes a portas erradas, onde ninguém se preocupa em demovê-las da ideia de abortar pois o que está em causa são quantias exorbitantes de dinheiro que estas mulheres estão dispostas a pagar? Muitas delas vêem-se obrigadas a recorrer a tentativas inacreditáveis para interromper a gravidez – atitudes precipitadas que podem ser responsáveis por graves complicações (nomeadamente infertilidade, problemas psicológicos), senão mesmo óbito.
Não nos podemos esquecer ainda que a carga emocional é enorme e que, como tal, o aborto tem de ser encarado como última alternativa. Não é uma decisão que se tome de ânimo leve, mas sim após uma reflexão consciente, ponderada e responsável.
Resta-nos aceitar que um filho nem sempre é desejado pelos pais que o concebem, que as condições económicas nem sempre são favoráveis e que as mulheres nem sempre estão preparadas para criar e educar o bebé que cresce dentro delas.
Ter estes filhos indesejados pode acabar por se revelar um erro, quando, por exemplo, os pais maltratam as crianças (muitas vezes até à morte!). Quem sabe se os casos mediáticos que conhecemos de maus-tratos a menores não são fruto de gravidezes indesejadas!
Outro aspecto que não podemos ignorar diz respeito ao facto de, muitas vezes, estas mulheres serem pressionadas a tomar a decisão de abortar. Se ao menos o aborto fosse despenalizado, a mulher não se sentiria tão marginalizada ou humilhada.
Por outro lado, todos nós sabemos que quer vencesse o “sim”, quer vencesse o “não” neste referendo, o problema do aborto não ficaria resolvido apenas com uma alteração da lei pois o que é preciso é tomar medidas que alertem para a necessidade de prevenir.
E que tal começarmos por investir no planeamento familiar ou por implementar a educação sexual em todas as escolas? Não seria uma mais valia fazer um acompanhamento das camadas mais jovens e até dos grupos socialmente mais desfavorecidos quer acerca do uso correcto da contracepção, quer acerca da contracepção de emergência? Na minha óptica, estes devem ser, sem dúvida, os primeiros passos a dar no sentido de prevenir gravidezes indesejadas e de reduzir o recurso ao aborto pois o que é importante é que as mulheres estejam ao corrente das alternativas que lhe restam, nomeadamente o encaminhamento do bebé para adopção.
Não poderia também deixar de mostrar a minha indignação ao ouvir dizer constantemente: “Eu voto “não” porque não quero andar a pagar para mulheres levianas fazerem abortos!”. Este argumento revela alguma falta de inteligência ou então alguma ingenuidade pois parece-me que alguém se está a esquecer de que também pagamos por muitas outras coisas das quais não usufruímos, mas que nem sequer nos atrevemos a questionar pois sabemos que são imprescindíveis para a sobrevivência de outras pessoas. Por exemplo: pagamos por um condutor embriagado que tem um acidente de viação, quando nós se calhar não bebemos álcóol e muitos menos conduzimos embriagados!
Ainda mais incrível é a posição da Igreja, a qual se opõe não só ao aborto, como também ao uso do preservativo. Já para não falar na questão das doenças sexualmente transmissíveis… Eu pergunto: faz algum sentido a Igreja continuar a defender que o acto sexual só deve ser praticado para procriar? Todos nós sabemos que a realidade é bem díspar!
Graças à despenaliziação do aborto, a partir de agora as mulheres que tomem a decisão de abortar passarão a ser acompanhadas por profissionais do Serviço Nacional de Saúde, que as informarão sobre o estado de gestação do bebé e as elucidarão acerca das consequências físicas e psíquicas que a realização de um aborto poderá trazer às suas vidas.


Nota: Aqui fica o meu texto argumentativo sobre o aborto (mais um dos trabalhos pedidos pelo Trindade) =p

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 12:46 1 Comentários

domingo, 20 de maio de 2007

“Diz que foi uma espécie de jantar de curso”





Desde que cheguei à faculdade que oiço falar em “falta de espírito académico”, mas o que é que acontece quando alguém toma a iniciativa de organizar algo tão simples como um jantar ou uma saída à noite? Ninguém quer ir! Ou é o sítio que não é do agrado de todos, ou é a hora, ou é o dia, ou é o preço, ou é a chuva, ou é o sol…Há sempre uma panóplia de desculpas…Aquela de que eu gosto mais é aquela do “fulano não vai, por isso eu também não vou”…Mas também gosto muito daquela “ah e tal, não me identifico com as pessoas que vão”.
Bem, mas não estou aqui para “lavar roupa suja”. Tal como sempre ouvi dizer “só fez falta quem lá estava”.
Vendo bem, isto não foi um jantar de curso, mas um jantar de amigos! As pessoas que foram eram praticamente as mesmas que tinham ido ao jantar de Natal (que na altura foi mesmo só para amigos).
O que interessa é que nos divertimos, rimos imenso, e qualquer dia vamos repetir!
Um beijinho para todos os presentes e para aqueles que não foram mesmo porque não puderam ir.

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 21:31 5 Comentários

terça-feira, 15 de maio de 2007

Beijar: um acto tão simples, mas ao mesmo tempo tão simbólico


Ora bem, existem vários tipos de beijos.
Senão, vejamos: Temos o “beijo repenicado” (que nos fazia imensa confusão na infância e que nos obrigava sempre a limpar a cara), o básico beijo na face, o beijo no canto da boca (quando se quer ir mais além!), o beijo na boca (quando já se chegou mais além) e por aí adiante…Não me vou alongar mais…
O grande problema é que o beijo nem sempre é sincero e depois, pronto, as meninas choram e acham que é o fim do mundo e pátáti pátátá.
E quando o beijo não é recíproco?! Oh aí ainda é pior…Um está a beijar cheio de romantismo na cabeça e o outro a pensar no jogo de futebol do dia anterior ou no que vai ser o jantar…
E os beijos de olhos abertos?! Epa, que me desculpem os adeptos, mas não consigo perceber! Qual é a ideia? Estar atento a quem passa?
Ah e já agora, beijos no comboio não, está bem? Se, supostamente, um beijo é um acto íntimo...e tudo o que é íntimo deve ser resguardado do olho público...porque é que há pessoas que insistem em oscular-se (palavra gira) como se não houvesse amanhã em transportes públicos, como os comboios, tantas vezes a abarrotar de gente mal disposta, de gente com um “perfume estranho” (para não dizer "gente que não toma banho"), de gente que se põe a olhar de lado (quando não é mesmo a olhar fixamente, como se estivesse a fazer um Raio- X ao belo do beijo) …
Sabem o que vos digo? Preservem os vossos beijos, não os partilhem com pessoas que não conhecem de lado nenhum (e que só vos fazem companhia até à próxima estação). Beijem de olhos fechados (mesmo que os abram sorrateiramente para ver se a pessoa que estão a beijar tem os seus olhos fechados). E quando beijarem aquele ser deslumbrante que tanto vos fascina, certifiquem-se de que ele é mesmo esse ser deslumbrante. Caso contrário, arriscam-se a serem vocês a começar “o beijo” e ser a outra pessoa a terminá-lo.


E não se esqueçam que um beijo é sempre um beijo, apesar de muitas vezes nos esquecermos disso...


Beijem com delicadeza, com carinho, à tarde, à noite, de manhã, ao sol, à chuva, na praia, no campo, mas nunca beijem só por beijar.

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 20:43 3 Comentários

Pegadas no chão...


Tentei seguir-te. Vi as tuas pegadas e caminhei…corri…saltitei e voltei a correr. Não te alcancei porque sempre conseguiste ser mais rápido. Ou talvez tenha sido eu rápida demais, passando ao teu lado e seguido em frente sem parar. Nunca caminhámos lado a lado. Nunca te alcancei… Se ao menos um de nós tivesse parado e olhado para trás...Agora…reparando nas minhas pegadas atrás das tuas…penso: porque será que não tenho eu pegadas atrás das minhas?

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 20:19 2 Comentários

“As mulheres não se medem aos palmos”


Impulsiva por natureza e com um espírito aventureiro, Cátia Costa, uma das caloiras que este ano entrou para a ESCS, afirma que o “bichinho do jornalismo” sempre esteve dentro dela. Foi precisamente para perseguir o sonho de vir a ser uma jornalista reconhecida pelo seu mérito que veio para Lisboa, sozinha, deixando a sua terra Natal, a Lourinhã.
Cátia, que sempre foi vista como “a menina das boas notas”, teme agora descobrir que não tem jeito para “estas andanças do jornalismo”, confessando, inquieta, que quando chegou à ESCS, ao olhar para os trabalhos dos colegas, pensou em desistir. Todavia, conseguiu reunir forças e decidiu seguir em frente. Caso contrário, “seria uma desilusão não só para [si], mas também para os [seus] pais”, revela.
Extremamente rigorosa e metódica, aquilo que mais a fascina neste estabelecimento de ensino superior é a relação que se estabelece entre alunos e professores, e mesmo entre colegas, “fundamental na integração dos alunos que, tal como [ela], estudam longe de casa e se sentem mais sozinhos”.
Preocupada com o seu futuro, Cátia pretende terminar o curso, e viajar para os EUA para investir na sua formação. E, posteriormente, regressar a Portugal e procurar emprego na sua área, de preferência na zona de Lisboa, para se tornar independente e poder construir a sua vida.
Segundo a própria, “as cunhas ajudam, mas não são imprescindíveis! Quando uma pessoa é boa naquilo que faz nunca pode ser deixada para trás”.
Esta jovem um pouco reservada afirma que as reportagens são a sua “paixão”, dado que lhe permitem “transportar o leitor para uma situação ou para um acontecimento específico a que ele não assistiu e que ela tem o poder de lhe transmitir através das palavras”.
Por outro lado, aquilo que mais a irrita é o sensacionalismo a que assiste na Televisão, e a “criatividade lunática de que sofrem alguns canais”, afirma em tom de brincadeira.
Do alto do seu metro e meio, e por trás de um olhar meigo e frágil, Cátia esconde uma jovem determinada e com garra, disposta a ultrapassar todas as barreiras que se coloquem no seu caminho.
Também apaixonada por cinema, nomeadamente pelos filmes de Walt Disney, Cátia identifica-se com a força da leoa d´ “O Rei Leão”. Como tal, não restam dúvidas: esta jovem chegou para ver e vencer!


PS: Aqui está mais um dos 1000 trabalhos que a ASL nos manda fazer lol. Desta vez foi o perfil da colega do lado!

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 18:49 3 Comentários

terça-feira, 8 de maio de 2007

Liberdade para eleger um ditador




Neste dia 25 de Abril, em que se comemora a aclamada “Revolução dos Cravos” de 1974, não poderia deixar de fazer referência a um acontecimento recente e particularmente interessante que me faz pôr em causa a sanidade de muito boa gente.
Refiro-me à eleição de António de Oliveira Salazar no concurso transmitido pela RTP como o “Grande Português” com 41% dos votos. Das cem personalidades a concurso ficaram para trás nomes, como Álvaro Cunhal, líder histórico do PCP, e Aristides de Sousa Mendes, antigo diplomata português, responsável pela fuga de muitos judeus ao regime Nazi, durante a II Guerra Mundial.
Será que os portugueses, descontentes com o sistema governativo vigente, desejam a instituição de um regime autoritário? Digo isto porque, acreditando que o
sistema de votação por telefone estabelecido pelo concurso é credível, não restam dúvidas: o povo português deixou para segundo plano a originalidade dos poetas e os valores humanos tantas vezes evocados por figuras nacionais, como Aristides de Sousa Mendes, preferindo enaltecer o antigo ditador português, «uma pessoa que advogou a pobreza para o país (…), que vivia à luz das candeias (...), sofria de analfabetismo”, citando Odete Santos.
Mas, pensando bem, num aspecto Salazar estava certo! O importante no ensino é aprender a ler e a escrever! Ir para a faculdade? Para quê, se os nossos jovens universitários, dedicados aos estudos e preocupados com o seu futuro, coitados, se esquecem dos seus antepassados?! Lamentável ver muitos deles na televisão a serem entrevistados sem sequer saberem o que foi o 25 de Abril e o que esta data representou para Portugal! Razão tinha Salazar quando dizia que um povo culto seria ingovernável…
Por outro lado, note-se que o problema não começa na universidade, mas sim no ensino secundário, onde a matéria relativa à História de Portugal se encontra nas últimas páginas dos manuais, que os alunos apenas abrem por engano. Há, sem dúvida, falhas nos conteúdos programáticos, que põem em causa a eficácia do sistema de ensino.
É evidente que não podemos exigir a estes jovens que conheçam todos os pormenores relativos ao 25 de Abril de 1974 e que vibrem com esta data da mesma forma que aqueles que a presenciaram.
Todavia, perante a eleição de Salazar começo a questionar-me: julgarão que foi um bom samaritano? Que em vez de se preocupar em equilibrar a balança do país se preocupava com as condições miseráveis em que viviam muitos portugueses? Que em vez de perseguir os que se voltavam contra o regime defendia a liberdade de expressão? Que em vez de promover a desigualdade, concedia direitos iguais a homens e mulheres, independentemente da sua condição social?
Ora, estariam os nossos jovens, habituados a tantas liberdades, preparados para viver num regime autoritário? Não creio.


Nota: Sei que o 25 de Abril já foi há quase um mês, mas deixo-vos aqui uma crónica que, entretanto, tive de fazer para a faculdade.

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 19:33 2 Comentários

sábado, 5 de maio de 2007

Não percam!!!


publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 19:34 1 Comentários

"Um lar não é um asilo!"


Num país envelhecido como Portugal e onde os idosos se sentem cada vez mais um fardo para a família e para a sociedade, a ida para o lar parece ser uma realidade cada vez mais recorrente. Se há trinta anos atrás a palavra lar ainda era facilmente confundida com a palavra asilo, actualmente é do senso comum que são os lares quem presta auxílio aos idosos quando eles mais precisam. É neste sentido que a Fundação Elísio Ferreira Afonso tem orientado todos os seus esforços, sendo hoje considerada um marco importante na história do Avelal, uma vila da Beira Alta.
Consta que o criador da fundação, o comendador Elísio Ferreira Afonso, nasceu a 19 de Agosto de 1889, na freguesia de Avelal, concelho de Sátão e distrito de Viseu. Órfão, embarcou ainda jovem para o Rio de Janeiro, onde terá enriquecido. Tendo sempre em mente o regresso às origens, o seu grande sonho era fazer do Avelal uma das terras mais importantes da zona. De volta a Portugal, começou por construir um grande palacete (que funciona actualmente como lar). Posteriormente, mandou construir uma escola primária e uma cantina, uma igreja e residência paroquial, um hospital, uma estação de correios, o posto da Guarda Nacional Republicana, um bairro de casas e o cemitério, onde fez questão de ficar sepultado. Criou também a Feira Anual do Avelal, que junta todos os anos milhares de pessoas. E foi ainda o responsável pelo abastecimento de água e pela electrificação da vila. Foi assim criada a Fundação Elísio Ferreira Afonso a 22 de Novembro de 1957 no Avelal, terra natal do comendador.
Antes da sua morte, a 11 de Outubro de 1968, Elísio Ferreira Afonso fez questão de doar por testamento património imóvel e propriedades rústicas à fundação que ele próprio criou em vida.
“O objectivo inicial era criar um hospital regional que deveria prestar assistência médica a todas as pessoas do concelho!”, recorda Silvério Inácio, actual responsável pelos dois lares em funcionamento no Avelal e com capacidade para 140 idosos na totalidade.
Com o passar dos anos, foram-se sucedendo várias alterações estatutárias e a Fundação Elísio Ferreira Afonso, apesar de ter mantido o mesmo nome, tornou-se uma instituição particular de solidariedade social que tem por objectivo “o apoio à infância e juventude, bem como à velhice, invalidez e, eventualmente, o apoio em situações de falta de meios de subsistência ou incapacidade para trabalhar”, esclarece o responsável.
“Há 30 anos, quando aqui cheguei, o hospital que a fundação tinha construído já estava desactivado e destruído, mas eu comecei a restaurá-lo, ainda que com muitas dificuldades, e consegui recuperar o edifício, fazendo dele um lar. O Estado nunca interveio. E o dinheiro da doação, esse nunca o vi! Alguém o gastou!”, afirma Silvério, ao mesmo tempo que esboça um sorriso.
Por outro lado, o responsável reconhece o empenho e dedicação de toda a equipa de trabalho, e afirma: “Temos conseguido superar as dificuldades. Mas é preciso, evidentemente, muito amor à causa. A maioria dos funcionários entra aqui de manhã cedo e sai já de noite. Penso até que, com o apoio do Estado, a fundação podia voltar a ter algum serviço de saúde!”.
Silvério fala-nos também de um acordo de cooperação com a Segurança Social, mas que só cobre 85 utentes do lar. “Nunca conseguimos que este apoio fosse aplicado em função do número de idosos. Assim, e tendo por base os valores de reforma, temos de fazer uma “ginástica” muito grande para pagar as contas.
Maria de Lurdes de Sousa, de 81 anos, uma das utentes, entusiasmada com a nossa presença no lar, fez questão de nos acompanhar durante toda a reportagem, para além de nos contar as razões que a levaram a deixar a casa do filho há cerca de um ano atrás. “Na altura adoeci, e para não dar mais trabalho ao meu filho e à minha nora, decidi vi para o lar do Avelal… e não me arrependo porque gosto imenso! Confesso que se tivesse possibilidades ficava na minha própria casa, mas, como não tenho, fico aqui, onde são sempre atenciosos comigo!”, afirma, peremptoriamente.
Confrontado com a ideia de que “não há nada como estarmos na nossa casinha!”, Silvério defende que a realidade é bem diferente porque “estes idosos quando chegam aqui é porque não têm condições para estarem sozinhos. Se não viverem com os filhos, quem é que lhes dá as refeições ou a assistência médica? Quem é que os ajuda a cuidar da sua higiene pessoal? Muitos deles chegam aqui e já não se conseguem movimentar!”, acrescenta. Mesmo o apoio ao domicílio não é a melhor opção na óptica de Silvério, que vê no lar uma alternativa diferente para os idosos.
Referindo-se ainda aos utentes, o responsável acrescenta: “São idosos de uma zona rural, maioritariamente do sexo feminino, e a generalidade tem uma higiene pessoal muito rudimentar, pelo que tratar da higiene deles é muito difícil! Muitos deles viram pela primeira vez uma casa-de-banho aqui no lar! E os custos de manutenção são muito elevados porque eles destroem muito!”.
Nem o facto de ter enviuvado e de estar inválida fez com que Lucinda de Almeida, de 76 anos, deixasse de sorrir ou perdesse a alegria de viver. É com grande satisfação que fala do lar em geral, das funcionárias e das refeições. “Nunca nos falta nada aqui, a não ser a família, mas a minha vem visitar-me muitas vezes! Também é muito bom quando vem cá alguém fazer teatros, dizer missas, rezar o terço”, refere, entusiamada.
Descontente por não poder proporcionar mais actividades lúdicas aos idosos devido às limitações em termos de espaço, Silvério revela-nos alguns projectos em curso. “Aqui ao lado está a ser construído um salão polivalente para actividades diversas: culturais, recreativas e, quiçá, para sessões de fisioterapia. Já adquirimos também um terreno onde gostaríamos de construir umas piscinas para que os idosos, apoiados por monitores, possam desfrutar de hidromassagens”, esclarece. Mostrando-se aberto e receptivo a todas e quaisquer iniciativas de grupos, Silvério confessa, no entanto, que “até mesmo para o rancho que aqui vem periodicamente é complicado porque o espaço é reduzido. Mas, neste salão em construção a fundação já vai poder realizar mais actividades, nomeadamente, a comemoração dos seus cinquenta anos de existência”.
Maria de Almeida Ferreira, de 81 anos, trabalhou toda a vida no campo. Após ter enviuvado, problemas pulmonares fizeram com que percebesse que não podia continuar a viver sozinha. É com alguma nostalgia que nos fala da sua chegada ao lar. “No início chorei muito, mas já estou aqui há dez anos e tenho consciência de que se estivesse em casa sozinha já tinha morrido!”, confessa. É também com alguma mágoa que nos fala das poucas visitas que recebe, recordando que “as meninas que [criou], às quais [deixou] o [seu] testamento nunca [lhe] fazem visitas”.
Relativamente à assistência médica, Silvério está satisfeito. “Temos aqui ao lado o centro de saúde e a farmácia. E também contamos com a colaboração da médica. Alexandra Vaz, que vem aos dois lares algumas horas por semana, e também em regime de chamada. Temos ainda um enfermeiro por avença”, explicita. Sempre disposto a colaborar com as escolas, Silvério afirma que “o lar está prestes a receber cerca de 40 estagiários do 2º ano do Instituto Piaget”.
Atento ao estado de saúde dos utentes, o enfermeiro Manuel Almeida falou-nos dos idosos acamados que aqui vivem e “precisavam quase só para si de uma docente!”. Relativamente à receptividade perante os tratamentos, o enfermeiro confessou-nos que, se por um lado alguns idosos mantêm sempre aquela esperança de que tomam uns remédios e ficam melhores…também os há que “fogem a sete pés!”.
Assumindo que, muitas vezes, os idosos chegam ao lar por se sentirem “um fardo”, Silvério garante que “é impossível entrar aqui alguém contrafeito porque há todo um processo de adaptação, que tem de ser respeitado, e não há pressões!”
A docente Clara Santos explicita que a integração dos idosos depende muito da sua saúde mental e, claro, também do facto de “estarem aqui de livre vontade ou não. Há casos complicados porque muitas vezes a família não lhes dão atenção!”, declara.
Maria Albina Martins, funcionária, defende que “o melhor é sempre estarmos junto da família!”. Todavia, as quezílias familiares parecem estar na origem de muitas das idas para o lar. Foi o caso de Laura Correia da Silva, de 80 anos, que, depois de se ter zangado com uma irmã, resolveu vir para a Fundação Elísio Ferreira Afonso, onde, afirma: “Todos me tratam bem e está sempre tudo muito limpinho!”. Presa às memórias do tempo em que trabalhava como costureira e em casas particulares, Laura falou-nos também das saudades que tem da família, que a vai visitando; e do seu medo da morte, confessando, visivelmente emocionada, que “só não [quer] morrer sem conhecer os netinhos”.
A ida dos filhos para outro país em busca de uma vida melhor parece ser mais um dos factores que “empurra” os nossos idosos para os lares. Temos o caso de António Costa, de 83 anos, e da sua esposa, Prazeres Pinto, de 82 anos, que, após alguma insistência por parte dos filhos, emigrados na Suiça, acabaram por entrar para o lar do Avelal. “Já estávamos velhos para ficarmos sozinhos em casa! Ainda contratámos uma senhora para cuidar de nós, mas não merecia o dinheiro que lhe pagávamos. Por outro lado, aqui não nos podemos queixar de nada: temos sempre roupa lavada, refeições diferentes todos os dias, medicamentos a horas…E também temos os telefonemas e as visitas da família, que nos deixam sempre felizes”, confessa, tentando conter as lágrimas.
Nascido na Beira, Saúl da Silva Magalhães, de 80 anos, viveu sempre em dificuldades, tendo trabalhado na agricultura em Portugal e no comércio no Brasil. Paralisado de uma perna há já sete anos e viúvo há três, contou-nos que, após um desentendimento com uma filha, o seu estado de saúde complicou-se e precisava de assistência médica constantemente. Foi, então, que chegou ao lar do Avelal, onde, confessa: “há pessoas muito diferentes mas todas se entendem, melhor ou pior. E…quando a gente gosta menos de uma pessoa ou de outra, a gente foge!”.
Apesar de os idosos serem muitos e de os apoios financeiros serem inferiores ao que seria de esperar, a Fundação Elísio Ferreira Afonso, prestes a comemorar cinquenta anos de existência, parece conseguir responder às necessidades de todos os idosos que batem à sua porta com a simplicidade de um lar do meio rural, mas com a grandeza de uma fundação criada a pensar no apoio ao próximo.
Silvério Inácio recorda com nostalgia a abertura do lar há 30 anos e reconhece que a sua “luta” valeu a pena, afirmando que, “actualmente, muitos idosos já vão para o lar por gosto e já não sentem quaisquer preconceitos como antigamente. Já sabem que um lar não é um asilo e que a nossa função é auxiliá-los, independentemente dos motivos que os trouxeram até nós”, conclui.

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 18:23 3 Comentários

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Frase do mês


"Quem anda a chuva molha-se", mas quem é que disse que eu não me queria molhar???

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 21:43 2 Comentários

Música do mês: "YOU GIVE ME SOMETHING", de James Morrison

You want to stay with me in the morning
You only hold me when I sleep,
I was meant to tread the water
Now I've gotten in too deep,
For every piece of me that wants you
Another piece backs away.
'Cause you give me something
That makes me scared, alright,
This could be nothing
But I'm willing to give it a try,
Please give me something
'Cause someday I might know my heart.
You already waited up for hours
Just to spend a little time alone with me,
And I can say I've never bought you flowers
I can't work out what the mean,
I never thought that I'd love someone,
That was someone else's dream.
'Cause you give me something
That makes me scared, alright,
This could be nothing
But I'm willing to give it a try,
Please give me something,
'Cause someday I might call you from my heart,
But it might me a second too late,
And the words I could never say
Gonna come out anyway.
'Cause you give me something
That makes me scared, alright,
This could be nothing
But I'm willing to give it a try,
Please give me something,
'Cause you give me something
That makes me scared, alright,
This could be nothing
But I'm willing to give it a try,
Please give me something
'Cause someday I might know my heart.
Know my heart, know my heart, know my heart

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 21:37 1 Comentários

Signo do mês: Touro


Fortes, confiáveis e estáveis, os Touros são pessoas aborrecidas e o termo não os ofende. Acabam tudo aquilo que começam, cumprem promessas e têm bom senso. Dão bons conselhos e são um bom ombro para chorar. Conseguem construir carreiras sólidas, casas de qualidade e uma família forte. Os Touros são os pais e as mães da terra. A sua única fraqueza é exagerarem na comida e no relaxe, não se conseguem fartar. Eles seduzem de uma maneira lenta e sensual. Podem ser cómicos e não têm problemas em fazer troça deles mesmos para nos fazerem rir. Não se deixem enganar, são teimosos, não gostam de novas ideias, e não serão forçados a nada. Não se irritam facilmente, mas quando o fazem, é melhor afastarmo-nos. Ficam ressentidos por muito tempo.


AMIZADE: Eles não confiam nas pessoas, portanto não lhes conte os seus segredos mais profundos quando os conhecer, porque eles fogem. Fazem amigos lentamente, e mantêm um circulo de amigos íntimos. São amigos para toda a vida. Dizem-nos quando estamos a ser idiotas e convidam-nos para a sua luxuosa casa. Estragar-nos-ão com mimos, e farão tudo para nos fazerem felizes.

AMOR: Têm necessidade de amar e proteger. Olham-nos de alto a baixo no momento em que nos conhecem e são bastante sexuais. Nunca têm receio de dizer "Amo-te". Adoram enroscar-se em nós. Por vezes dão demasiado de si e esquecem-se de receber. Não os engane, porque são extremamente possessivos e impiedosos quando traídos.

publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 21:24 2 Comentários

Interessante...Portugal tem destas coisas...


publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 21:23 1 Comentários

Realmente é perigoso...


publicada por Cátia d´O Arco da Velha @ 21:19 1 Comentários

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