terça-feira, 20 de maio de 2008

AVID



Hoje fiquei a saber uma coisa que me deixou bastante surpreendida e um tanto ou quanto chocada: os alunos de jornalismo de outras faculdades que estão a tirar o mestrado na minha escolinha querida nem sequer sabem trabalhar com o AVID, esse belo programa de edição de vídeo com que comecei recentemente a lidar.
O caricato disto tudo é que as universidadezinhas deles dizem ser as mais conceituadas! Mas só se for em termos teóricos, porque na prática ficam a dever muito ao Menino Jesus.
O que é que vai acontecer a estes jornalistas, aliás, a estes "teóricos do jornalismo" (como diz a Neuza) quando forem para o mercado de trabalho?

3 comentários:

  1. vai acontecer exactamente o que irá acontecer a ti, aos teus colegas, e que aconteceu a mim e aos meus colegas (e a outros, antes de nós, e àqueles que se seguirem a nós): estágios não remunerados por tempo indefinido, com subsídios de transporte e de alimentação a (falsos) recibos verdes. ou então, para aqueles que não podem suportar os encargos deste sistema, trabalho noutra área completamente diferente: call centers, restaurantes, bares, lojas.

    a menos que tenham estudado na católica, que tem protocolos de estágio interessantes. ou na universidade de coimbra, que nos últimos dois anos conseguiu uma taxa de empregabilidade em jornalismo fantástica, pelo que me contaram.

    acredites ou não, cátia, muitos dos meus próprios colegas não sabiam fazer nada de avid - sim, pessoas que estudaram três, quatro anos na escs, e digitalizar uma cassete continuava a ser um mistério insondável. feitas as contas, isso é irrelevante, como é irrelevante sair da universidade (seja escs, nova, iscsp ou outra qualquer) com média de 10 ou 16. há demasiada procura (de emprego) para uma oferta demasiado reduzida (de emprego). e muitos jornais/revistas (mesmo de referência) têm redacções já formadas, recorrendo aos estagiários de três meses a recibos verdes para encher chouriços e dar aos recém-licenciados uma ilusão de currículo.

    posto este cenário catastrofista, espero que tu sejas a excepção que confirma a regra. mas não penses que o avid é tudo, nem desvalorizes o conhecimento teórico. eu também já pensei exactamente assim, mas o último ano ensinou-me que o mundo cá fora não é exactamente a preto e branco.

    beijo*

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  2. Pois é, João, a vida não está fácil, nem mesmo para os licenciados, doutorados, e mais qualquer coisa acabada em -ados...
    É triste andarmos a queimar as pestanas, mas a esperança é a última a morrer. Até porque os professores são os nossos maiores empregadores. No entanto, no caso da ESCS fazem falta protocolos de estágio...Dava jeito. Bem, mas ao menos ficamos com umas luzes da parte mais técnica da "coisa", algo que outros nem sempre têm...

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  3. sim, cátia, é verdade. temos conhecimentos da parte técnica. mas repara que o avid apenas vai ser útil para quem quiser seguir jornalismo televisivo.

    repara que não tenciono desvalorizar em nada o curso que fiz - em lisboa não escolheria outro (nas públicas, claro; se pudesse optar por privadas talvez fosse para a católica). talvez se pudesse voltar atrás tivesse ido para coimbra, agora que conheço a cidade e o curso. mas independentemente disso: a prática que recebemos na escs é importante, muito importante. apenas não desvalorizes a teoria - ela não é menos importante, acredita.

    e acho muito bem que mantenhas a esperança. isto aqui fora está infernal, mas se não tentarmos é que não conseguimos nada.

    um beijo*

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Comentários do Arco da Velha