sábado, 10 de março de 2007

Ligações...

É ainda dentro da barriga da nossa mãe que estabelecemos a primeira de muitas ligações… Quando a mão do nosso pai percorre a barriga da nossa mãe para sentir que um ser, sangue do seu sangue, está a desenvolver-se e que, em breve, fará parte do seu dia-a-dia. É também ainda dentro da barriga da nossa mãe que ouvimos pela primeira vez aquela voz que reconheceremos de imediato quando os carinhosos braços da nossa mãe nos envolverem e ela cantar baixinho para nos embalar.
De acordo com o ritual do nascimento, os familiares costumam visitar a mãe e o bebé em casa. É aqui que começam as designadas ligações familiares. O bebé “salta” de colo em colo, ouvem-se as típicas frases da parecença à nascença…
Posteriormente, vamos estabelecendo outras ligações, nomeadamente com as outras pessoas que cuidam de nós, com os colegas do infantário, com os amigos da escola, com o vizinho que costuma dizer-nos “bom dia!” (após um demorado bocejo) quando nos encontra no elevador, com a professora que nos deixa corados quando nos questiona sobre a matéria em frente a toda a turma, com o velhinho simpático que costuma estar sentado no banco de jardim a contar histórias da sua vida de marinheiro aos meninos que assistem entusiasmados…São essas ligações afectivas que marcarão (e muito) a nossa personalidade no futuro.
Todavia, com o passar dos anos, muitas vezes a vida obriga a grandes mudanças, a afastamentos inevitáveis…O emprego, a carreira, a compra da primeira casa, a falta de tempo livre levam à quebra dessas ligações que outrora eram tão fortes.
É nesta altura que apenas as ligações ferroviárias fazem parte do nosso quotidiano…A ida apressada para a estação para não perdermos o comboio ou os minutos (que, por vezes, parecem horas) que aguardamos pela chegada do comboio que nos irá levar de volta a casa naquele fim de tarde chuvoso em que o nosso semblante parece dizer: “não falem comigo, não se sentem ao pé de mim, não me perguntem qual é a linha que vai não sei para onde porque eu não sei nem quero saber!”…
É nestas demoradas e aborrecidas viagens, em que indivíduos completamente desconhecidos se vêem obrigados a estar sentados frente a frente, que a nossa memória é invadida por um flash-back de recordações, por um profundo sentimento de culpa, pela saudade…Tentamos ignorar, mas parece que esses momentos passados se apoderam da nossa mente, acentuando ainda mais aquela dor de cabeça típica dos finais de tarde.
É nesta altura que apenas as ligações telefónicas nos permitem contactar com aquele amigo de infância que no primeiro dia de aulas decidira sentar-se ao nosso lado e que, como tal, passou a ser o nosso maior amigo, ou com aquela rapariga da faculdade, aparentemente irritante, que se revelou uma pessoa fantástica com a qual passávamos horas intermináveis a conversar.
Como podemos nós deixar morrer as ligações? Chegar a casa, descalçar os sapatos, ligar a televisão e deixarmo-nos adormecer… Onde ficam as ligações? Perdidas algures na nossa memória?

3 comentários:

  1. A minha ligação contigo é gira! Mesmo nome, turma, curso, escola é uma maravilha =) loool

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  2. Esta'.... lindo.... tudo o que disseste e' verdade: grandes ligacoes k tinha-mos, todos os dias nos viamos e, de repente, puff!!! consomem-se kase ate a uma infima linha d amizade.... e' pena... o mundo faz com k percamos mtas coisas infelizmente.... adorei o post Catia!!!! continua!!! beijo!!!

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  3. a sorte, menina catia costa, e q não são da mesma terra! xDD

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Comentários do Arco da Velha