sexta-feira, 25 de maio de 2007

Aborto: uma realidade!

O aborto, a chamada Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), é um tema problemático em permanente discussão e debate social, visto ser uma questão que toca valores éticos muito profundos.
Ainda há bem pouco tempo atrás esta temática esteve muito em voga em Portugal devido ao referendo que decorreu no mês de Fevereiro, do qual resultou a despenalização do aborto até às dez semanas de gestação.
Um dos argumentos apontados pelos defensores do “não” dizia respeito à leviandade de muitas mulheres. Chegou a dizer-se que, caso o “sim” vencesse, o aborto tornar-se-ia um excelente negócio para clínicas privadas e que, sem dúvida, o aborto iria aumentar.
Mas, o que será pior? Criar condições dignas para que as mulheres que decidam fazer um aborto não corram tantos riscos, ou abandoná-las à sua sorte, desamparadas, permitindo que continuem a ter de se deslocar ao país vizinho para o fazer, batendo muitas vezes a portas erradas, onde ninguém se preocupa em demovê-las da ideia de abortar pois o que está em causa são quantias exorbitantes de dinheiro que estas mulheres estão dispostas a pagar? Muitas delas vêem-se obrigadas a recorrer a tentativas inacreditáveis para interromper a gravidez – atitudes precipitadas que podem ser responsáveis por graves complicações (nomeadamente infertilidade, problemas psicológicos), senão mesmo óbito.
Não nos podemos esquecer ainda que a carga emocional é enorme e que, como tal, o aborto tem de ser encarado como última alternativa. Não é uma decisão que se tome de ânimo leve, mas sim após uma reflexão consciente, ponderada e responsável.
Resta-nos aceitar que um filho nem sempre é desejado pelos pais que o concebem, que as condições económicas nem sempre são favoráveis e que as mulheres nem sempre estão preparadas para criar e educar o bebé que cresce dentro delas.
Ter estes filhos indesejados pode acabar por se revelar um erro, quando, por exemplo, os pais maltratam as crianças (muitas vezes até à morte!). Quem sabe se os casos mediáticos que conhecemos de maus-tratos a menores não são fruto de gravidezes indesejadas!
Outro aspecto que não podemos ignorar diz respeito ao facto de, muitas vezes, estas mulheres serem pressionadas a tomar a decisão de abortar. Se ao menos o aborto fosse despenalizado, a mulher não se sentiria tão marginalizada ou humilhada.
Por outro lado, todos nós sabemos que quer vencesse o “sim”, quer vencesse o “não” neste referendo, o problema do aborto não ficaria resolvido apenas com uma alteração da lei pois o que é preciso é tomar medidas que alertem para a necessidade de prevenir.
E que tal começarmos por investir no planeamento familiar ou por implementar a educação sexual em todas as escolas? Não seria uma mais valia fazer um acompanhamento das camadas mais jovens e até dos grupos socialmente mais desfavorecidos quer acerca do uso correcto da contracepção, quer acerca da contracepção de emergência? Na minha óptica, estes devem ser, sem dúvida, os primeiros passos a dar no sentido de prevenir gravidezes indesejadas e de reduzir o recurso ao aborto pois o que é importante é que as mulheres estejam ao corrente das alternativas que lhe restam, nomeadamente o encaminhamento do bebé para adopção.
Não poderia também deixar de mostrar a minha indignação ao ouvir dizer constantemente: “Eu voto “não” porque não quero andar a pagar para mulheres levianas fazerem abortos!”. Este argumento revela alguma falta de inteligência ou então alguma ingenuidade pois parece-me que alguém se está a esquecer de que também pagamos por muitas outras coisas das quais não usufruímos, mas que nem sequer nos atrevemos a questionar pois sabemos que são imprescindíveis para a sobrevivência de outras pessoas. Por exemplo: pagamos por um condutor embriagado que tem um acidente de viação, quando nós se calhar não bebemos álcóol e muitos menos conduzimos embriagados!
Ainda mais incrível é a posição da Igreja, a qual se opõe não só ao aborto, como também ao uso do preservativo. Já para não falar na questão das doenças sexualmente transmissíveis… Eu pergunto: faz algum sentido a Igreja continuar a defender que o acto sexual só deve ser praticado para procriar? Todos nós sabemos que a realidade é bem díspar!
Graças à despenaliziação do aborto, a partir de agora as mulheres que tomem a decisão de abortar passarão a ser acompanhadas por profissionais do Serviço Nacional de Saúde, que as informarão sobre o estado de gestação do bebé e as elucidarão acerca das consequências físicas e psíquicas que a realização de um aborto poderá trazer às suas vidas.


Nota: Aqui fica o meu texto argumentativo sobre o aborto (mais um dos trabalhos pedidos pelo Trindade) =p

1 comentário:

  1. eu sobre o aborto n comento. mas tens razao num aspecto: é uma realidade. bjo*

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Comentários do Arco da Velha