quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Capítulo IV

Para o nosso herói devemos libertar-nos, deixar acontecer, e não nos devemos privar de qualquer actividade sensorial por mais fugaz que ela seja.

Então, ele entrega-se sem restrições a qualquer doce olhar, a qualquer gesto mais explícito (tipo: “é isso mesmo que eu quero!”). E o factor novidade é talvez aquilo que mais alimenta o seu instinto.

A tristeza para ele surge quando se apercebe de que o amor nem sempre é correspondido, ou seja, nem sempre aquele que dá um beijo é aquele que o termina. Se é que me faço entender…

É aí que o nosso herói resolve passar a agir desesperadamente, deixando de pensar em si e limitando-se a viver para uma ilusão que ele próprio criou.

Desconhecendo que as mulheres, esses seres tão complicados de entender para os homens, preferem muitas vezes passar a vida “matutar” num amor que acabou ou em alguém que nem nelas repara, o nosso protagonista tentou a todo o seu custo conquistar a atenção d’Aquele olhar.

Cometeu, assim, um erro que pode ser fatal para muitas mulheres, nomeadamente para aquelas que pensam que ainda vivem na “época do cabelinho curto e da franjinha”. Sim, refiro-me a uma espécie feminina em vias de extinção nos dias de hoje que vê nos homens aquilo a que se costuma chamar “um bicho de 7 cabeças”.

Para que percebam melhor a que espécie de mulheres me refiro, deixo-vos alguns exemplos:

-Estas mulheres não coram, elas apenas ficam vermelhas quando vão à praia;
-Estas mulheres não gostam quando as elogiam. Agradecem sempre com um “Oh, cala-te”;
-Estas mulheres não sabem bem o que querem. Por exemplo: quando não lhes dão atenção, elas perguntam “que passa?”, mas quando as enchem de perguntas e tentam controlá-las, elas respondem imediatamente com uma frase até um pouco infantil: “Eu não sou tua namorada”;
-Estas mulheres gostam de tudo aquilo que envolve misticismo, portanto, tudo o que for demasiado evidente é rejeitado de imediato. Elas gostam de correr atrás (ainda que secretamente) de algo que nem elas sabem bem o que é.
-Estas mulheres são tão independentes que o melhor mesmo é que ninguém se atreva a pagar-lhes um café, a ajudá-las a carregar uns sacos ou a dar-lhes uma boleia. Isso fá-las sentirem-se inúteis e fracas perante os homens.

O nosso herói sente-se agora no limite máximo da ignorância e chega mesmo a comportar-se como uma criança à qual tiraram o brinquedo favorito.

Será que é assim tão difícil percebermos quando não há lugar para nós? Será que vale a pena humilharmo-nos e darmos à outra pessoa ainda mais a ideia de fraqueza? Será que alguém gosta de ter tudo de bandeja? Tudo demasiado fácil? Não será muito mais interessante se não houver tanta facilidade, tanta certeza? Ou será que o meio-termo continua a ser a melhor aposta?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentários do Arco da Velha